AVÔ CORAGEM MOSTRA PARA A NAÇÃO COMO O ESTADO DEVERIA AGIR
Por César Fantti
O exemplo contido na reportagem publicada no jornal Diário da Fronteira (Uruguaiana/RS/Brasil) , em que um avô de 67 anos decidiu se matricular pela primeira vez em escola pública para acompanhar os estudos do neto de 15, já seria emocionante e de contornos de uma trama que nem as mentes embotadas dos melhores autores de telenovelas poderiam criar, dado o vício que os mesmos têm de criar sempre as mesmas histórias, mudando apenas os cenários e os personagens.
Contudo, o ato do avô coragem ganha aspecto de heroísmo. Ele me contou que decidiu se matricular pela primeira vez em escola pública para proteger o netinho que ele cria desde bebê, da ameaça de uma gangue de delinquentes juvenis que havia jurado o rapaz de morte. - Farei isso enquanto tiver forças - disse o trabalhador rural que acorda todos os dias às cinco da manhã, de segunda-feira a domingo, para cuidar de uma pequena chácara a oito quilômetros de Uruguaiana e ainda ao final do turno encontra disposição para amparar o rapaz. Os dois pedalam ao total, lado a lado, ida e volta da escola, 16 quilômetros para só depois das 22h, o avô vai dormir o sono dos justos assim que entrega o neto sã e salvo para a filha.
Conclui-se assim que a sociedade começa a se dar conta que a única saída é fazer o papel do Estado que, inepto, não consegue garantir segurança pública para cidadãos que precisam estudar ou trabalhar, principalmente à noite. O dinheiro que deveria ser investido para aumentar de duas a três vezes os efetivos policiais, reaparelhando-os, em cidades de médio e grande portes, escoa sem retorno pelo ralo cada vez mais voraz da corrupção.
E os safados ( quase todos bandidos instituídos ou eleitos), aparecem de cara lavada na frente das câmeras de TV afirmando que nada têm a ver com os casos denunciados e quando cumprem pena, adoecem da noite para o dia para conseguir os benesses da frágil legislação brasileira ou, se cumprem condenação, saem da cadeia rindo da sociedade para desfrutar dos milhões amealhados para o resto da vida. Nosso avô coragem sabe disso, sabe que não pode esperar mais do Estado, engessado por leis estapafúrdias e vulneráveis, e pela praga dos corruptos.
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