quarta-feira, 26 de agosto de 2015

METEORO CAI EM URUGUAIANA, NO SUL DO BRASIL







Em 30 anos como repórter, ou contador de histórias reais, como costumo dizer, investiguei avistamentos de Objetos Voadores Não identificados (OVNI) em Uruguaiana, na fronteira do Brasil com a Argentina,  e a infestação de espíritos brincalhões que perturbavam adolescentes em uma escola pública da cidade, onde elas faziam rituais sobrenaturais para perguntar trivialidades às forças do além.

Mas nunca imaginei que iria ter de sair um dia no rastro de uma estrela cadente, mais especificamente, de um meteoro que despencou do espaço sideral em minha cidade. O fato ocorreu por volta das 2h da madrugada do dia 27 de julho de 2015 em Áreas Verdes, um bairro pobre da zona Sul da cidade.

O céu estava carregado de nuvens escuras e um chuvisco piorava o lamaçal  nas ruas de acesso ao conjunto de casebres do vilarejo. Tinha o endereço, mas as ruelas desordenadas tornavam difícil a localização, o que somente consegui após horas de peregrinação.

A casa de madeira atingida pelo corpo celeste, tem três cômodos, é habitada por quatro adultos e uma criança e fica na Rua 12, Quadra J. Sabino Dalcanal, 72 anos, autônomo, não hesitou em fazer as honras da moradia e com naturalidade, perguntou para a mulher onde a filha tinha guardado o objeto. - Está no armário da cozinha - respondeu a mulher com voz distante. O homem com aspecto bonachão, se apressou ao se agachar e me alcançar o material.
O AUTÔNOMO SABINO DALCANAL, 72 ANOS, MOSTRA  O OBJETO QUE CAIU DO ESPAÇO A CERCA DE DOIS METROS DA CAMA ONDE DORMIA NA MADRUGADA DO ESTRONDO

Peguei avidamente o que parecia uma rocha de coloração avermelhada maior que uma laranja e de superfície crespa e pontiaguda, com aspecto de metal fundido diferente de qualquer tipo de rocha que tivesse visto. Perguntei se podia arremessá-la no chão e mediante resposta afirmativa o fiz: o objeto tirou  lascas de tudo e não sofreu nenhum arranhão.

Sabino aponta agora para o telhado para me mostrar onde foi o impacto do meteorito que atingiu a casa. Na junção de duas folhas de zinco, das mais antigas que são grossas, o pequeno meteoro rasgou como se fosse papel, caiu sobre a quina da chapa do fogão à lenha e arrebentou a lajota da cozinha. Ana paula Dalcanal conta que todos ouviram um estrondo ensurdecedor. O marido dela foi o primeiro a pular da cama e saiu para ver o que ocorrera.
MAIOR QUE UMA LARANJA, O OBJETO QUE CAIU DO ESPAÇO TEM ASPECTO DE ROCHA OU FERRO FUNDIDO. JOGADO CONTRA PEDRAS NÃO SOFREU NENHUM ARRANHÃO E, AO CAIR, TRESPASSOU  DUAS FOLHAS DE ZINCO ANTIGO COMO SE FOSSE PAPEL

Quando entrou na casa ele viu o objeto na cozinha e sentiu cheiro de queimado. Ao olhar para o telhado viu o clarão da noite pelo buraco do zinco feito pelo meteoro. Ana Paula relata que a violência do choque deixou a grade da porta trepidando por um bom tempo e nos ouvidos dela um zumbido perdurou por várias horas. A cerca de 50 metros de distância os vizinhos também acordaram com o que parecia o som de uma explosão.

Curiosamente, na noite anterior, por volta de 21h, a família conta que estava sentada na frente da casa quando o menino viu um rastro de luz esverdeado rasgar o céu e gritou para todos verem. Era o corpo celeste que por trás das nuvens foi avistado e filmado por muita gente na Argentina e no Sul do Brasil percorrendo a atmosfera terrestre em uma das mais fantásticas exibições de corpos celestes errantes que mexem com o imaginário de todos nós, simples mortais, diante da insondável vastidão do Cosmos. O meteoro de Uruguaiana, guardado pela família simples da cidade, talvez seja apenas um fragmento dele.



      

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