Esse flagrante da vida real que relato para vocês me remete ao tempo de meninice quando festejava os bolos caseiros que a doceira Adelaide Fantti Carrazzoni fazia com habilidade divina. Minha querida irmã produzia essas guloseimas de todos os tamanhos e formas e com os mais variados recheios transformando suas criações em verdadeiros "manjares dos deuses". Gente de todos os cantos da cidade a procurava para encomendar suas gostosuras, mas não lembro de uma com mais de um metro de comprimento.
Transcorria o dia 22 de outubro de 2015 quando me desloquei até a fronteira trinacional entre o Brasil, Argentina e Uruguai. Queria descobrir que segredo guardavam as autoridades de Barra do Quaraí, pequeno povoado de 4.200 moradores, na divisa entre os três países.
A manhã de Primavera com céu de anil e temperatura amena brindaram os barrenses no dia em que o município se preparava para comemorar 20 anos de emancipação política de Uruguaiana. A quadra da rua principal que corta a cidade tinha sido fechada e uma estrutura com palco, estandes para exposições de produtos e brinquedos infláveis começava a ser montada para a festa.
Mas o que eu buscava não estava nesse local. Sabia que toda a população esperava para vê-lo. Aliás, mais que desejam ver, queriam comê-lo. Em meio à algazarra alvissareira das crianças levadas pelas professoras das duas escolas públicas da cidade para os festejos, saí da rua e entrei no salão paroquial da igrejinha e me deparei com o segredo: um bolo de 20 metros de comprimento.
Montado encima de mesas, o bolo gigante se estendia de um extremo a outro do salão, quase a perder de vista (veja o vídeo ao final desse documentário). Fiquei impressionado com a novidade e interpelei dona Vera Guirland, uma senhora com jeito daquelas vovós da literatura infantil. De lenço na cabeça e entretida na feitura da obra, me contou como coordenou a equipe de colaboradoras da comunidade para fazer o bolo:-levamos quatro dias para fazer e não tenho ideia do que gastamos-, disse sem levantar a cabeça, mas com sorriso de satisfação no rosto.
O prefeito Iad Choli, que conseguiu colocar Barra do Quaraí nos trilhos do desenvolvimento, comentava que estava animado pensando na hora em que iria entregar a delícia para o povo saborear, feita com recheios de doce de leite e doce de ovos. O banquete popular estava programado para o encerramento das comemorações. O bolo foi dividido em 20 pedaços de um metro de comprimento, um metro para cada ano em que os valentes barrenses aguentaram sem a tutela do município mãe.
Depois de receber a cobertura de glacê, o imenso bolo foi decorado com as bandeiras da cidade e do Brasil. - Pelos meus cálculos, mais de 2.000 pessoas irão provar as fatias, nessa festa democrática-, afirmou o mandatário da pequena cidade. Fiquei sabendo que foi necessária a convocação de um matemático para mensurar a quantidade de farinha, fermento, água e demais ingredientes para que o bolo tivesse a conssistência necessária.
Infelizmente, não pude provar a gostosura, mas fiquei sabendo que os barrenses lotaram a rua e fizeram imensas filas para provar o bolo que em pouco tempo foi devorado com a mesma ânsia de progresso que toma conta de todos em Barra do Quaraí, na confluência entre os rios Uruguai e Quaraí.
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Montado encima de mesas, o bolo gigante se estendia de um extremo a outro do salão, quase a perder de vista (veja o vídeo ao final desse documentário). Fiquei impressionado com a novidade e interpelei dona Vera Guirland, uma senhora com jeito daquelas vovós da literatura infantil. De lenço na cabeça e entretida na feitura da obra, me contou como coordenou a equipe de colaboradoras da comunidade para fazer o bolo:-levamos quatro dias para fazer e não tenho ideia do que gastamos-, disse sem levantar a cabeça, mas com sorriso de satisfação no rosto.
O prefeito Iad Choli, que conseguiu colocar Barra do Quaraí nos trilhos do desenvolvimento, comentava que estava animado pensando na hora em que iria entregar a delícia para o povo saborear, feita com recheios de doce de leite e doce de ovos. O banquete popular estava programado para o encerramento das comemorações. O bolo foi dividido em 20 pedaços de um metro de comprimento, um metro para cada ano em que os valentes barrenses aguentaram sem a tutela do município mãe.
Infelizmente, não pude provar a gostosura, mas fiquei sabendo que os barrenses lotaram a rua e fizeram imensas filas para provar o bolo que em pouco tempo foi devorado com a mesma ânsia de progresso que toma conta de todos em Barra do Quaraí, na confluência entre os rios Uruguai e Quaraí.

Pego a estrada com a clara impressão de que desde os primórdios, o sentido gregário impediu a extinção da raça humana. Lugares como Barra do Quaraí, por força de sobrevivência, se transformam em uma grande família com suas características e pessoas com diferenças intrínsecas de caráter e de personalidade, como é natural em uma comunidade miscigenada mas,. acima de tudo, ciente de que precisa estar unida para crescer.