Oração do Motociclista
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MOTOCICLISTAS DO RIO GRANDE DO SUL (BRASIL), PEGAM A ESTRADA PARA MAIS UM INESQUECÍVEL ENCONTRO EM QUE VIVEM AS EMOÇÕES DE SEREM OS DEVORADORES DE DISTÂNCIAS |
Autor: César Fantti
Cada palmo dessa imensa estrada
É uma gloriosa conquista desse pequeno ser
Que sou diante de Ti...
Quando acelero, Senhor!
A paisagem rápida do caminho,
Rebobina um filme antigo,
Misto de drama e comédia
Que eu fingia ter esquecido...
Quando acelero, Senhor!
Rasgo distâncias, crendo que assim,
Estou me aproximando de Ti...
Quando acelero, Senhor!
Sou o vento libertário
Que viaja sem fronteiras,
Irmanando povos
E partilhando felicidade...
Quando acelero, senhor!
Minha máquina, possante e pesada,
Voa para além do arco-íris,
Para a luz da esperança,
Reafirmando o meu destino de ser,
Hoje e sempre,
Um desgarrado sem fronteiras!
Era uma tarde morna àquela de 1979 quando, depois de
almoçar no Cassino dos Sargentos, no 22º Grupo de Artilharia de Campanha, em
Uruguaiana, na fronteira do Brasil com a Argentina, fui aproveitar o intervalo no estacionamento sob o bosque de eucalipto.Tinha 19 anos e já sentia o peso de três divisas
em meu uniforme verde-oliva do Exército brasileiro, mas o rapaz com os arroubos
naturais da juventude estava latente dentro de mim.
Foi quando pedi a um colega de caserna que me emprestasse a motocicleta a fim de aprender a pilotar. Não foi uma boa ideia. Orientado por ele, subi na máquina. Acho que era uma Honda CG-125 cilindradas, daquelas altas. Devo ter acelerado muito e soltado a embreagem de uma só vez. A moto saltou para a frente como um cavalo indomado. Caí de costas no chão e o veículo rodou vários metros até tombar trepidando na relva.
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MÚSICO GETÚLIO RODRIGUES E EMPRESÁRIO JOSÉ CARLOS DE MEDEIROS, DO CARTÓRIO DE OFÍCIO DE REGISTROS DE IMÓVEIS E DOCUMENTOS DE URUGUAIANA (RIO GRANDE DO SUL/BRASIL) |
Depois dessa infortunada experiência nunca mais tentei comandar algo que tivesse duas rodas e que não fosse uma bicicleta. Até me desinteressei para sempre em adquirir uma moto embora a considere um veículo bonito e um símbolo de liberdade.
2001. Outra tarde morna, 22 anos depois daquele tombo,já na reserva e há 16 anos atuando como repórter e amargando o primeiro ano de minha separação. Eu estava com meu filho Gabriel, de 5 anos, na Praça Argentina, ao lado da Avenida Presidente Vargas, principal avenida da cidade. Foi quando lembrei do pedido do empresário Paulo Blanco, uma figura inesquecível que fazia parte de um grupo de motociclistas viajantes.
Foi quando em um caderninho de meu filho, que escrevi a Oração do Motociclista. Para compor, apenas me transportei em imaginação para cima de uma possante moto estradeira e viajei por uma infinita estrada. Estava solitário nesse delírio, mas as frases vieram uma a uma se encaixando perfeitamente no que eu sentia. Estava seguro porque sabia que se caísse do meu pensamento, não iria me machucar. Os versos, a pedido do grupo de motociclistas Desgarrados da Fronteira, foram gravados em CD pela voz primorosa do radialista Paulo Santana, da 96 FM.
A oração, com trilha sonora de grandes sucessos do rock pop internacional, completando a gravação, foi apresentada para mais de 400 motociclistas do Estado em Uruguaiana no ano de 2012. A oração não é minha, pode ser adotada por qualquer grupo de aventureiros motociclistas do Mundo inteiro. Me lisonjeio em saber que estarei na garupa de cada um deles singrando com suas super-máquinas, os caminhos que levam a qualquer destino.
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ANTES DE PEGAR A ESTRADA, O CLIMA É DE EUFORIA E DE EXPECTATIVA DO TÃO ESPERADO MOMENTO DE FAZER RONCAR OS MOTORES E SE TORNAREM LIVRES COMO O VENTO |
Foi quando em um caderninho de meu filho, que escrevi a Oração do Motociclista. Para compor, apenas me transportei em imaginação para cima de uma possante moto estradeira e viajei por uma infinita estrada. Estava solitário nesse delírio, mas as frases vieram uma a uma se encaixando perfeitamente no que eu sentia. Estava seguro porque sabia que se caísse do meu pensamento, não iria me machucar. Os versos, a pedido do grupo de motociclistas Desgarrados da Fronteira, foram gravados em CD pela voz primorosa do radialista Paulo Santana, da 96 FM.
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