sábado, 4 de março de 2017




CRÔNICAS DE UM CRONISTA CRÔNICO

O MILAGRE DAS ÁGUAS

Autor: César Fantti


Nesta manhã, tomando chimarrão, sentei-me a olhar a chuva pela porta dos fundos de minha casa. Meus pensamentos remeteram à saga científica humana em busca de água em outros corpos celestes, na vastidão do Universo. O homem investe milhões em equipamentos de sofisticada engenharia espacial para descobrir se existe vida fora da Terra, e vestígios de água é o principal sinal.

Ele, supostamente, já teria encontrado água congelada nas luas de Saturno e cursos secos de rios em Marte. O homem sabe que a vida de nosso planeta se extingue lentamente por causa das agressões praticadas por ele próprio, e, por isso, busca obstinadamente descobrir outro lugar que ofereça ambiente ideal para a salvação da raça humana, caso não seja mais possível sobreviver em seu próprio habitat.

Enquanto ele faz isso, limito-me olhar a chuva que cai dadivosa sobre o abacateiro em frutos no pátio do vizinho. Seus pingos molham cada centímetro da terra sedenta, correm pelos telhados e calhas, precipitam-se no chão, correm por valetas e grotões, inundam cidades e plantações e retornam para rios, lagos e mares, de onde subiram para os céus em forma de vapor; reciclando a vida e à vida dando garantia.




Depois que a chuva cessa ou fica amena, a natureza festeja. Vejo pingos de água no varal, nas folhas, galhos e frutos do abacateiro e os pássaros chafurdando as penas molhadas. Concluo que os cientistas têm razão na urgência de comprovar a existência de água fora de nosso planeta porque, infelizmente, nossos recursos hídricos são finitos. Enquanto isso me detenho sempre para ver o espetáculo das águas pelo telescópio de minha porta.

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