domingo, 19 de julho de 2015

O FLAGELO DAS ÁGUAS E A INÓCUA POLÍTICA HABITACIONAL DOS GOVERNOS

  
A dona de casa Graciela Dorneles, 29 anos, moradora do bairro Mascarenhas de Moraes foi a primeira ribeirinha a ser expulsa pelas águas do Rio Uruguai. Mãe de um menino de seis anos, desempregada e com o marido sem receber salários há dois meses, se prepara a fim de enfrentar mais um tenebroso inverno em uma volante carregada por trator para o meio da rua. Ela se inscreveu, mas nunca do contemplada por moradias construídas pelo Governo Federal 

Fico imaginando a capacidade que tem o ser humano de suportar o sofrimento. Neste momento, enquanto milhões desfrutam do conforto de seus lares, outros milhões estão sendo assolados por flagelos, como as guerras, a fome,, as doenças e os fenômenos climáticos. Em Uruguaiana, na fronteira do Brasil com  a Argentina, no Extremo Oeste do Rio Grande do Sul, o Rio Uruguai, pela quarta vez em um ano, lança suas águas inundando as zonas ribeirinhas causando o êxodo de mulheres, crianças e idosos para fora de suas casas. O pior é que a vazão das águas ocorre em pleno inverno do Hemisfério Sul.



Paulo Woüthers, o "Paulão", ex-oficial do Exército e experimentado "xerife do rio", conhece intimamente o velho Uruguai e defende política habitacional que priorize os ribeirinhos
Muitos em Uruguaiana ficaram excluídos do processo de triagem, burro e burocrático, que deveria priorizar quem mora na beira do rio, isto é, flagelados de "carteirinha" deveriam ser contemplados com casas independente de sorteio. Paulo Woüthers, da Defesa Civil Municipal, que pelo menos há dois governos se especializou em resgate de pessoas das cheias, conhece cada um dos flagelados e sabe onde mora a maioria. Pela intimidade que ele tem com o velho Uruguai, "Paulão", como é conhecido, conhece o comportamento do rio e nos conclaves sobre soluções para o flagelo dos ribeirinhos,é o principal defensor dessa política mais justa para os desabrigados, que é cadastrar e priorizar quem mora na beira do rio.
Em 32 anos atuando como repórter, acompanho de perto o drama dos flagelados e dos esforços das equipes de resgate para socorrê-los antes que as águas das vazantes do Rio Uruguai os surpreendam em casa
Convivo com a enchente desde a infância. O Uruguai, na grande cheia de 1983, chegou na frente da casa  onde morava com meus pais, e em cheias anteriores ficava na esquina. Aprendi a nadar nas águas sujas do rio, arriscando-me com meu irmão escondidos longe da vigilância de minha mãe. Apesar de ter viajado por toda a região Fronteira-Oeste relatando como repórter o drama das cheias, ainda não perdi a visão romântica de menino que, alvissareiro, consumia meus dias brincando nas águas das grandes vazantes do nosso caudaloso Uruguai.



  



domingo, 12 de julho de 2015

O CÉU É O LIMITE: Minha experiência fora da Terra

A minha direita: auditor-fiscal e piloto ricardo La Cava e á esquerda, os também auditores e pilotos Alexandre Cemin e Paulo Coenow (comandante)
Já no ar, com La Cava me tranquilizando e ao fundo a jornalista da 96 FM Lais
Ângulo de Uruguaiana, captado em uma das curvas que o helicóptero fez sobre a cidade



A moderna máquina da Operação Pégasus: um Air Bus EC-135, dotado de potentes câmeras com infravermelho capazes de detectar até o calor de corpos na superfície da Terra

Ao longo de meus venturosos 55 anos de vida e desses, 30 como repórter; sempre relutei em entrar em avião por acreditar que naquele dia, cairia um comigo. Nos convites feitos à Imprensa, dava uma desculpa e exigia ser trocado pelo cinegrafista ou fotógrafo. Contudo, minha condição de terráqueo convicto terminaria naquela sexta-feira, 3 de julho, quando, inevitavelmente, senti que era oportunidade de perder o medo de voar.

A tarde com ventos fortes aumentou minha preocupação e no Aeroporto Internacional Ruben Berta, de Uruguaiana, quando o piloto acionou a moderna aeronave Air Bus EC-135, com capacidade para seis tripulantes e dois pilotos; senti que não podia mais voltar atrás. Enquanto a máquina ligada nivelava suas funções de monitoramento internas para voo, vi o mecânico escutando o motor e fui informado pelo controlador de pista que era hábito dele, antes do helicóptero decolar e depois de pousar. fiquei mais seguro.  

Em seguida fui levado pelo mecânico para o embarque:-mantenha a cabeça abaixada - me avisou ele a caminho, (imaginei minha cabeça sendo decepada pelas pás do helicóptero, caso não seguisse a recomendação). Ao embarcar com algum esforço, senti que já não tinha mais como voltar atrás, todos os agentes fiscais da operação Pégasus estavam olhando. No acento traseiro, meus olhos vasculharam a parafernália de botões e teclas dentro da aeronave enquanto o auditor-fiscal e piloto Ricardo La Cava, designado para me acompanhar, colocava em mim pesados fones de ouvido dotados de microfone para a conversação, livre do ruído ensurdecedor da aeronave.

A máquina voadora começou a ter a rotação do motor e das hélices aumentada e depois de algum tempo começou a sair do chão. Deu pra perceber uma certa instabilidade nesse momento quando adernou para os dois lados (sensação de quem se aventura em um skate).Não totalmente seguro, ainda cai na asneira de perguntar a La Cava se os ventos estavam favoráveis. "É, esse ventinho lateral não é dos melhores amigos", assentiu-me o piloto e aí, senti um vazio no estômago.

Em poucos minutos, o helicóptero atingiu certa altura, seguiu em linha reta uns cem metros e depois começou a ganhar o céu. A paisagem dos campos se distanciava enquanto a área urbana assomava pelas janelas do bólido. Vez em quando, a aeronave parecia cair em um breve vácuo e recuperava a estabilidade. Na curva que fez sobre a área urbana, foi possível enxergar os prédios  e como Uruguaiana tem porte de uma grande cidade, descortinando-se sobre a Pampa. Sobre as águas tranquilas do velho Rio Uruguai, que mais parecia um grande espelho, o helicóptero avançou até o limite do espaço aéreo brasileiro retomando voo de volta para o aeroporto. 
O pouso foi tranquilo, cumprimentei e abracei os pilotos elogiando-os pela perícia. Senti meus pés mais pesados no chão, de onde agora poderão alçar outros voos.

domingo, 5 de julho de 2015

Stand by Me: uma bela canção integrando a humanidade







Se tem algum tipo de arte mais universal que o cinema é a música, que além de tudo, chega a ser transcendental. Sua mensagem chega a qualquer ser humano, mesmo que seja ininteligível na linguagem. Quando pensei em publicar o primeiro vídeo no BLOGUEIRO DO FIM DO MUNDO, achei que não poderia ser óbvio, como algo dos incríveis Beatles, Barry White, Jimmy Cliff, The Doors, Billy Preston, Chico Buarque, João Chagas leite, enfim, tantos, dos quais sou fã em meu eclético gosto musical e ainda os selecionarei para futuros compartilhamentos com os amigos e amigas. Para este domingo, na estreia musical de meu blog, essa fantástica produção estrangeira (não apurei autoria), você irá ver artistas, cantores e músicos, muitos de rua, garimpados em quase todos os cantos do Mundo  interpretando a canção Stand by Me, de B. E. king, Jerry Leiber e Mike stoller, gravada originalmente por B. E. king e sucesso em 1975 em regravação do ex-beatle John Lennon. Stand by Me significa "fique de meu lado", "dê-me suporte", e na vida precisamos disso. Ouçam, é simplesmente lindo: