A minha direita: auditor-fiscal e piloto ricardo La Cava e á esquerda, os também auditores e pilotos Alexandre Cemin e Paulo Coenow (comandante) |
Já no ar, com La Cava me tranquilizando e ao fundo a jornalista da 96 FM Lais |
Ângulo de Uruguaiana, captado em uma das curvas que o helicóptero fez sobre a cidade |
A moderna máquina da Operação Pégasus: um Air Bus EC-135, dotado de potentes câmeras com infravermelho capazes de detectar até o calor de corpos na superfície da Terra |
Ao longo de meus venturosos 55 anos de vida e desses, 30 como repórter; sempre relutei em entrar em avião por acreditar que naquele dia, cairia um comigo. Nos convites feitos à Imprensa, dava uma desculpa e exigia ser trocado pelo cinegrafista ou fotógrafo. Contudo, minha condição de terráqueo convicto terminaria naquela sexta-feira, 3 de julho, quando, inevitavelmente, senti que era oportunidade de perder o medo de voar.
A tarde com ventos fortes aumentou minha preocupação e no Aeroporto Internacional Ruben Berta, de Uruguaiana, quando o piloto acionou a moderna aeronave Air Bus EC-135, com capacidade para seis tripulantes e dois pilotos; senti que não podia mais voltar atrás. Enquanto a máquina ligada nivelava suas funções de monitoramento internas para voo, vi o mecânico escutando o motor e fui informado pelo controlador de pista que era hábito dele, antes do helicóptero decolar e depois de pousar. fiquei mais seguro.
Em seguida fui levado pelo mecânico para o embarque:-mantenha a cabeça abaixada - me avisou ele a caminho, (imaginei minha cabeça sendo decepada pelas pás do helicóptero, caso não seguisse a recomendação). Ao embarcar com algum esforço, senti que já não tinha mais como voltar atrás, todos os agentes fiscais da operação Pégasus estavam olhando. No acento traseiro, meus olhos vasculharam a parafernália de botões e teclas dentro da aeronave enquanto o auditor-fiscal e piloto Ricardo La Cava, designado para me acompanhar, colocava em mim pesados fones de ouvido dotados de microfone para a conversação, livre do ruído ensurdecedor da aeronave.
A máquina voadora começou a ter a rotação do motor e das hélices aumentada e depois de algum tempo começou a sair do chão. Deu pra perceber uma certa instabilidade nesse momento quando adernou para os dois lados (sensação de quem se aventura em um skate).Não totalmente seguro, ainda cai na asneira de perguntar a La Cava se os ventos estavam favoráveis. "É, esse ventinho lateral não é dos melhores amigos", assentiu-me o piloto e aí, senti um vazio no estômago.
Em poucos minutos, o helicóptero atingiu certa altura, seguiu em linha reta uns cem metros e depois começou a ganhar o céu. A paisagem dos campos se distanciava enquanto a área urbana assomava pelas janelas do bólido. Vez em quando, a aeronave parecia cair em um breve vácuo e recuperava a estabilidade. Na curva que fez sobre a área urbana, foi possível enxergar os prédios e como Uruguaiana tem porte de uma grande cidade, descortinando-se sobre a Pampa. Sobre as águas tranquilas do velho Rio Uruguai, que mais parecia um grande espelho, o helicóptero avançou até o limite do espaço aéreo brasileiro retomando voo de volta para o aeroporto.
O pouso foi tranquilo, cumprimentei e abracei os pilotos elogiando-os pela perícia. Senti meus pés mais pesados no chão, de onde agora poderão alçar outros voos.
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