NA SESSÃO MUSICAL DO BLOG O "REGGAE DO BALÃO", do cantor, compositor e produtor musical de Uruguaiana Inaudi Ferrari. O hit foi eleito o Hino Oficial do Festival do Balonismo, realizado anualmente em Torres (RS/Brasil). Confira e cante o resto do dia!
Conteúdo enfocando assuntos relacionados a crônicas, poesias, ficção, cinema, artes, documentários, jornalismo, quadrinhos, ciência, tecnologia, política e assuntos gerais.
terça-feira, 21 de junho de 2016
domingo, 19 de junho de 2016
DOCUMENTÁRIO
Inaudi
e os Balões
A emocionante saga do cantor
de Uruguaiana que encontra na música forças para viver
A amizade entre o músico e
produtor musical gaúcho Inaudi Goulart Ferrari e eu começou na Década de 1980. Lembro-me
dele na Vila Ferroviária, em Uruguaiana, na Fronteira-Oeste do Rio Grande do
Sul, Brasil. A imagem do rapaz franzino, com o violão sob o braço nunca esqueci.
No Outono de 2016 o encontrei no Calçadão da cidade. Estava acompanhado pela
esposa Rose, apresentadora da Rádio Maristela, na cidade de Torres, no litoral
gaúcho, onde o casal mora. Contei um pouco de minha vida e ele resumiu a dele.
Notei em um dos braços marcas de procedimentos hospitalares. A insuficiência
renal crônica o tem levado, anos a fio, submeter-se a tratamento de
hemodiálise.
A doença foi diagnosticada
em 1995 e a primeira sessão de diálise realizada dois anos depois. Perguntei como
foi saber que todo o seu sangue seria bombeado para fora do corpo,
durante o tempo médio de quatro horas, a fim de ser purificado por uma máquina.
- Nos primeiros tempos, muito assustador, mas com o passar dos anos fui
dominando a situação a ponto de hoje viver uma vida praticamente normal. Tudo é
se conhecer e conhecer o problema – comentou.
A ligação visceral com a
música e talento para compor belas canções, nem a diálise aplacou. Foi quando
soube da doença que compôs o “Blues do Recomeço” e a canção “Para Ser Eterno”,
alusiva à doação de órgãos. Essas e outras composições foram escritas durante
as transfusões. Inaudi começou sua carreira na Década de 1980 quando participou
de vários festivais de Música Popular Brasileira, mas foi em 1983 que venceu a
10ª Balada, em Caxias do Sul, com a música “Força Indomável”. Contudo, a
composição que Inaudi mais gosta é “Pra Ti Princesa”, (veja clipe no You Tube)
em homenagem a sua pequena Juliana, hoje médica. Como dá para perceber, o
artista de índole engajada não para.
Quem sabe o destino de ficar
preso a uma máquina várias vezes por mês, até que possa ser beneficiado pelo
Banco de Doação de Órgãos, tenha levado o artista para o mundo colorido,
flutuante, fascinante e libertário dos balões. É em Torres que acontece o
Festival Anual de Balonismo, famoso em toda a América Latina. Com suas máquinas
voadoras, homens e mulheres disputam prêmios lançando-se ao céu comandando os
gigantescos balões movidos a gás. Singram a região voando sobre matas,
planícies, colinas e o mar. Os que mais se aproximarem dos alvos na hora de pousar
ficam entre os vencedores.
Esse mundo cheio de magia e
encantos inspirou Inaudi a compor o “Reggae do Balão”. A canção, contagiante e
com refrão estilo “chiclete”, acabou sendo eleita oficialmente como o Hino Oficial
do Balonismo no Rio Grande do Sul (confira a seguir na SESSÃO MUSICAL DO BLOG).
Ouça e você vai entender como Inaudi descobriu que o caminho entre os balões da
diálise e os que desbravam os céus do Brasil são a metáfora da liberdade e da
vontade de viver.
sexta-feira, 10 de junho de 2016
CRÔNICAS DE UM CRONISTA CRÔNICO
O
FRIO DÓI
César
Fantti
“Viu como o inverno é frio
pai?” perguntava meu pequeno Gabriel aos seis anos quando o levava para a
escola. – Sim, meu filho, assim como o Verão é quente e as meias estações são
amenas. Hoje, passados 14 anos não poderia dar a mesma resposta. Neste ano de
2016, o frio começou já ao final de abril, portanto, completamente fora de
época. O clima mudou no Planeta, disso ninguém tem dúvida. As estações não são mais
o relógio do tempo.
O certo é que no inverno
mudamos de nosso habitat convencional para dentro do freezer. Tudo fica mais
frio, inclusive muitas pessoas. O frio dói, faz sofrer em determinadas
situações. Na hora do banho quem não tem ajuda providencial de um aquecedor ou
qualquer tipo de calefação entra em um ambiente inóspito. Tudo em que se toca é
gelado. O corpo se contrai, os pelos se eriçam e até os mais machões veem sua
virilidade diminuir. O martírio se torna maior quando abrimos o chuveiro para
nos refugiar sob a água quentinha, mas até a maldita ducha está congelada e
demora a aquecer.
-Essa droga vai me
deixar na mão logo agora? - soltamos, entre dentes, essa e outras imprecações.
Finalmente, um zumbido mais forte e a fumacinha que sai da água indica que o sofrimento
acabou. Entramos, aliviados para o êxtase do banho quente, para a higienização
do corpo tão necessária. A água desce descontraindo músculos, tendões, artérias
e a pele. Agora, mergulhados nesse mundo tão renovador, não queremos mais
voltar para o outro lado, pensamos na conta de luz, mas naquele momento isso
não é o mais importante. É quando à resistência falha e um jato gelado nos
atinge voltando a nos lembrar que o frio dói.
Pulamos fora, de volta ao
ambiente agressivo de onde saímos e nos refugiamos na toalha gelada. Queremos
fugir daquela experiência frustrante. De corpo seco e com a roupa de dormir,
nossa última esperança é a cama quentinha onde nosso amor, que não passou pelo
mesmo drama, nos espera aquecida. Porém, ao entrar no quarto também sem
calefação, as cobertas estão geladas em nosso quadrante da cama, mas ela,
solidária, nos diz com voz convidativa: - me abraça de conchinha amor - ao que
atendemos prontamente. Após encontrarmos, finalmente, um ambiente ideal vem um
novo choque: o amor encosta duas pedras de gelo em nossas pernas. Seus pezinhos
nos fazem lembrar, de novo, que o inverno dói. A última, derradeira e delirante
saída é fazer sexo, trocar calor, puxando as cobertas para não deixar a
preciosa calefação biológica escapar.
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