DOCUMENTÁRIO
Inaudi
e os Balões
A emocionante saga do cantor
de Uruguaiana que encontra na música forças para viver
A amizade entre o músico e
produtor musical gaúcho Inaudi Goulart Ferrari e eu começou na Década de 1980. Lembro-me
dele na Vila Ferroviária, em Uruguaiana, na Fronteira-Oeste do Rio Grande do
Sul, Brasil. A imagem do rapaz franzino, com o violão sob o braço nunca esqueci.
No Outono de 2016 o encontrei no Calçadão da cidade. Estava acompanhado pela
esposa Rose, apresentadora da Rádio Maristela, na cidade de Torres, no litoral
gaúcho, onde o casal mora. Contei um pouco de minha vida e ele resumiu a dele.
Notei em um dos braços marcas de procedimentos hospitalares. A insuficiência
renal crônica o tem levado, anos a fio, submeter-se a tratamento de
hemodiálise.
A doença foi diagnosticada
em 1995 e a primeira sessão de diálise realizada dois anos depois. Perguntei como
foi saber que todo o seu sangue seria bombeado para fora do corpo,
durante o tempo médio de quatro horas, a fim de ser purificado por uma máquina.
- Nos primeiros tempos, muito assustador, mas com o passar dos anos fui
dominando a situação a ponto de hoje viver uma vida praticamente normal. Tudo é
se conhecer e conhecer o problema – comentou.
A ligação visceral com a
música e talento para compor belas canções, nem a diálise aplacou. Foi quando
soube da doença que compôs o “Blues do Recomeço” e a canção “Para Ser Eterno”,
alusiva à doação de órgãos. Essas e outras composições foram escritas durante
as transfusões. Inaudi começou sua carreira na Década de 1980 quando participou
de vários festivais de Música Popular Brasileira, mas foi em 1983 que venceu a
10ª Balada, em Caxias do Sul, com a música “Força Indomável”. Contudo, a
composição que Inaudi mais gosta é “Pra Ti Princesa”, (veja clipe no You Tube)
em homenagem a sua pequena Juliana, hoje médica. Como dá para perceber, o
artista de índole engajada não para.
Quem sabe o destino de ficar
preso a uma máquina várias vezes por mês, até que possa ser beneficiado pelo
Banco de Doação de Órgãos, tenha levado o artista para o mundo colorido,
flutuante, fascinante e libertário dos balões. É em Torres que acontece o
Festival Anual de Balonismo, famoso em toda a América Latina. Com suas máquinas
voadoras, homens e mulheres disputam prêmios lançando-se ao céu comandando os
gigantescos balões movidos a gás. Singram a região voando sobre matas,
planícies, colinas e o mar. Os que mais se aproximarem dos alvos na hora de pousar
ficam entre os vencedores.
Esse mundo cheio de magia e
encantos inspirou Inaudi a compor o “Reggae do Balão”. A canção, contagiante e
com refrão estilo “chiclete”, acabou sendo eleita oficialmente como o Hino Oficial
do Balonismo no Rio Grande do Sul (confira a seguir na SESSÃO MUSICAL DO BLOG).
Ouça e você vai entender como Inaudi descobriu que o caminho entre os balões da
diálise e os que desbravam os céus do Brasil são a metáfora da liberdade e da
vontade de viver.
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