domingo, 19 de junho de 2016



DOCUMENTÁRIO

Inaudi e os Balões



A emocionante saga do cantor de Uruguaiana que encontra na música forças para viver


A amizade entre o músico e produtor musical gaúcho Inaudi Goulart Ferrari e eu começou na Década de 1980. Lembro-me dele na Vila Ferroviária, em Uruguaiana, na Fronteira-Oeste do Rio Grande do Sul, Brasil. A imagem do rapaz franzino, com o violão sob o braço nunca esqueci. No Outono de 2016 o encontrei no Calçadão da cidade. Estava acompanhado pela esposa Rose, apresentadora da Rádio Maristela, na cidade de Torres, no litoral gaúcho, onde o casal mora. Contei um pouco de minha vida e ele resumiu a dele. Notei em um dos braços marcas de procedimentos hospitalares. A insuficiência renal crônica o tem levado, anos a fio, submeter-se a tratamento de hemodiálise.

A doença foi diagnosticada em 1995 e a primeira sessão de diálise realizada dois anos depois. Perguntei como foi saber que todo o seu sangue seria bombeado para fora do corpo, durante o tempo médio de quatro horas, a fim de ser purificado por uma máquina. - Nos primeiros tempos, muito assustador, mas com o passar dos anos fui dominando a situação a ponto de hoje viver uma vida praticamente normal. Tudo é se conhecer e conhecer o problema – comentou.
 

A ligação visceral com a música e talento para compor belas canções, nem a diálise aplacou. Foi quando soube da doença que compôs o “Blues do Recomeço” e a canção “Para Ser Eterno”, alusiva à doação de órgãos. Essas e outras composições foram escritas durante as transfusões. Inaudi começou sua carreira na Década de 1980 quando participou de vários festivais de Música Popular Brasileira, mas foi em 1983 que venceu a 10ª Balada, em Caxias do Sul, com a música “Força Indomável”. Contudo, a composição que Inaudi mais gosta é “Pra Ti Princesa”, (veja clipe no You Tube) em homenagem a sua pequena Juliana, hoje médica. Como dá para perceber, o artista de índole engajada não para.


Quem sabe o destino de ficar preso a uma máquina várias vezes por mês, até que possa ser beneficiado pelo Banco de Doação de Órgãos, tenha levado o artista para o mundo colorido, flutuante, fascinante e libertário dos balões. É em Torres que acontece o Festival Anual de Balonismo, famoso em toda a América Latina. Com suas máquinas voadoras, homens e mulheres disputam prêmios lançando-se ao céu comandando os gigantescos balões movidos a gás. Singram a região voando sobre matas, planícies, colinas e o mar. Os que mais se aproximarem dos alvos na hora de pousar ficam entre os vencedores.

Esse mundo cheio de magia e encantos inspirou Inaudi a compor o “Reggae do Balão”. A canção, contagiante e com refrão estilo “chiclete”, acabou sendo eleita oficialmente como o Hino Oficial do Balonismo no Rio Grande do Sul (confira a seguir na SESSÃO MUSICAL DO BLOG). Ouça e você vai entender como Inaudi descobriu que o caminho entre os balões da diálise e os que desbravam os céus do Brasil são a metáfora da liberdade e da vontade de viver.





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